GASTRITE: O que é, Causas e Como Tratar

A gastrite é uma doença muito comum. Ela afeta a população em diferentes idades. Neste artigo vamos falar sobre sua causa e diagnóstico. Além disso, o mais importante, vamos ver como resolver esse problema de saúde que acomete tantos pacientes.

Você sente dor no estômago? É comum sentir um desconforto no estômago após algumas refeições? 

Normalmente isso acontece quando existe inflamação da camada mais interna do estômago, chamada mucosa. É preciso ficar de olho, pois isso pode ser gastrite.

A mucosa gástrica é considerada uma camada protetora. Mas, com a sua inflamação e desgaste, o suco gástrico, que é ácido, passa a causar agressões no estômago.

Isso acaba desencadeando diversos sintomas. Os mais comuns são desconfortos abdominais, dores na região conhecida como “boca do estômago”, perda de apetite, estufamento, enjoos e até vômitos. Continue a leitura para entender mais.

O QUE CAUSA A GASTRITE?

A inflamação do estômago pode ter diversas causas. A principal delas é a infecção por uma bactéria chamada de Helicobacter Pylori. Ela é muito frequente na população mundial. Aliás, cerca de 50% das pessoas têm H. pylori e não sabem.

E como contraímos essa bactéria H. pylori? Atualmente, acredita-se que a transmissão ocorra através do contato pela boca entre pessoa/pessoa.

Dessa forma, a contaminação pode ocorrer por meio de contaminação de alimentos ou secreção. Sendo assim, existe uma influência de fatores socioeconômicos, ambientais e práticas culturais.

Outro ponto é que também existe uma possível predisposição genética. Isso significa que algumas pessoas são mais suscetíveis a essa infecção.

A presença do H. pylori no estômago pode induzir a gastrite crônica. Além disso, está relacionada, em menor grau, com o surgimento de úlceras gástricas e duodenais, câncer gástrico e linfoma gástrico. Por isso, devemos ficar atentos a essa infecção.

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Figura 1. Ilustração demonstrando infecção do estômago pela bactéria H. pylori.

POSSÍVEIS CAUSAS DO SURGIMENTO DA GASTRITE

Além do H. pylori, há diversos fatores causais que podem estar envolvidos no desenvolvimento da gastrite crônica. São eles:

Anti-inflamatórios, AAS e anti-coagulantes.

Esses últimos, inclusive, estão sendo muito utilizados atualmente, mas podem desencadear uma corrosão aguda ou crônica da mucosa do estômago. Essa condição é chamada de gastrite química. 

Em alguns casos, a corrosão pode transformar-se em uma úlcera gástrica ou duodenal, literalmente furando a parede do estômago. Dessa forma, ela apresenta como sintomas vômito com sangue, dor intensa do abdome e sangue escurecido nas fezes.

Uma alimentação inapropriada também pode ser um fator de risco. Isso porque os alimentos interferem de forma fundamental na produção de substâncias do suco gástrico e alterações da motilidade do estômago.

São alimentos nocivos as comidas muito quentes, enlatados, embutidos, condimentos picantes, alimentos gordurosos, pimentas vermelha, preta e páprica, entre outros.

Clique para acessar a dieta de gastrite.

O tabagismo também é muito perigoso para a gastrite. As toxinas do cigarro agem de forma direta machucando a mucosa gástrica. Além disso, elas diminuem a atuação de medicamentos utilizados como antiácidos.

O consumo crônico de bebidas alcoólicas causa lesão pelo rompimento da barreira da mucosa gástrica e ação tópica na inflamação do estômago.

Por fim, fatores psicossomáticos podem agir na motilidade gástrica e no aumento da secreção de ácido no estômago.

A falta de tempo é um fator para a dieta e digestão inadequada, levando as pessoas a realizarem as refeições rapidamente e dialogarem durante elas. 

Com isso, alimentos são mal digeridos e consequentemente mal absorvidos, acabam irritando a mucosa gástrica e se tornando mais um agravante para o surgimento da gastrite.

Outro fator relacionado com a pressa e falta de tempo é a má higienização dos alimentos. Isso acaba aumentando o contágio com o H. pylori. 

Além disso, há também outras causas diversas, como ingestão de substâncias corrosivas, estresse por traumas, procedimentos cirúrgicos, doenças autoimune, septicemia, insuficiência hepática, radioterapia na região abdominal e infecções sistêmicas.

QUAIS OS SINTOMAS DE GASTRITE?

Preparamos este artigo para que você aprenda um pouco mais sobre a gastrite. Continue lendo e veja se você apresenta os sintomas dessa doença.

O principal sintoma de gastrite é descrito pelos pacientes como “dor na boca do estômago”. Esse sintoma pode ser leve ou intenso e surge com a ingestão de algum “alimento gatilho de gastrite”. Os principais são:

  • Café, chá preto e mate;
  • Comidas gordurosas e frituras e chocolate;
  • Bebidas gasosas, menta e shoyu;
  • Molho de tomate pronto, tempero pronto, condimentos, pimentão e pimenta;
  • Enlatados, embutidos, frituras;
  • Goma de mascar;
  • Doces;
  • Ketchup, mostarda, maionese;
  • Cebola crua e alho cru.

A intensidade dos sintomas não é um bom parâmetro de gravidade da gastrite. Ter muita ou pouca dor no estômago não significa que ela é mais ou menos grave. 

Há pacientes com gastrite erosiva e úlceras que referem pouca dor e há pessoas com sintomas fortíssimos. Elas podem apresentar pouca ou nenhuma inflamação no estômago quando realizam endoscopia digestiva alta.

Além das dores no estômago, podem ocorrer outros sintomas. Confira quais são:

  • Náuseas e até vômitos;
  • Distensão abdominal;
  • Indigestão;
  • Perda de apetite;
  • Sensação de empachamento ou estufamento.

Esses sintomas ficam mais intensos principalmente com uma refeição mais volumosa ou rica em alimentos “pesados” e gordurosos. 

O excesso de ácido clorídrico, produzido pelo estômago para digerir o alimento, vai agredir a parede estomacal e piorar os desconfortos. 

Por fim, geralmente eles amenizam depois que o processo digestivo encerra.

Em função da dificuldade para se alimentar, esses pacientes podem perder peso e ficar indispostos pela alimentação insuficiente.

E A GASTRITE NERVOSA?

Algumas pessoas também associam sintomas de gastrite e dispepsia quando estão nervosas. Assim, acabam achando que é um quadro de gastrite nervosa. Contudo, esse termo não é o mais correto de ser usado.

O que acontece é que em quadros emocionais intensos, como estresse, ansiedade, depressão e síndrome do pânico, existe uma piora ou exacerbação dos sintomas estomacais. 

Isso acontece pelo aumento de secreção ácida, retardo de esvaziamento gástrico. Além disso, em alguns casos, também ocorre a interação medicamentosa ou efeitos colaterais dos medicamentos para tratamento da doença psiquiátrica.

O QUE SÃO SINTOMAS DISPÉPTICOS OU DISPEPSIA?

Dispepsia, geralmente designada por má digestão, é um conjunto de sintomas que se manifestam na região epigástrica. Esse é o local entre o umbigo e o tórax, onde internamente fica o estômago. 

Sendo assim, sintomas dispépticos podem se apresentar como dor ou queimação na região epigástrica e dificuldade de digestão. Esse último acaba levando à saciedade precoce e plenitude pós-prandial.

A saciedade precoce é a sensação de enchimento rápido do estômago após o início da refeição. Nele, com pouca quantidade de comida o paciente já tem a sensação de estar “cheio”.

A plenitude pós-prandial é quando o paciente mesmo após algumas horas depois de ter se alimentado tem a sensação de que os alimentos permanecem no estômago.

Náuseas, eructação e distensão do abdome superior estão frequentemente associadas. Pacientes com doença do refluxo gastroesofágico e síndrome do intestino irritável apresentam dispepsia associada com frequência.

SAIBA MAIS SOBRE CIRURGIA DO REFLUXO

Estudos no Brasil mostram que em torno de 40% da população apresenta sintomas dispépticos. 

Apesar de raramente tratar-se de uma enfermidade maligna, muitos pacientes apresentam sintomas incomodativos que os motiva a procurar ajuda médica. Isso porque a dispepsia pode prejudicar significativamente a qualidade de vida.

ENTÃO, QUAL A DIFERENÇA DA GASTRITE PARA DISPEPSIA?

O aparecimento da dispepsia pode ter como causa diferentes doenças digestivas, em particular doenças que afetam o estômago e o duodeno (primeira porção do intestino). Assim, gastrite ou a úlcera péptica gástrica ou duodenal estão entre as principais causas do surgimento dos sintomas da dispepsia.

Em alguns pacientes, os sintomas da dispepsia podem ter origem em outros órgãos. Podem aparecer, por exemplo, em consequência de doença pancreática ou de cálculos biliares (pedra na vesícula).

Na maioria das vezes, a dispepsia é decorrente de algum distúrbio que pode surgir mesmo sem estar relacionado com outras doenças. Quando isso acontece, é chamada de dispepsia funcional.

A avaliação médica é sempre necessária. Porém, frequentemente não é essencial realizar exames complementares, laboratoriais (sangue e parasitológico de fezes), endoscopia digestiva alta e ultrassom abdominal podem ser úteis.

Também não é rara a relação de intolerância alimentar com sintomas dispépticos, em especial à lactose, à frutose e ao glúten. Então, esses casos devem ser avaliados.

COMO CONFIRMAR SE É GASTRITE:

Agora que já falamos sobre dispepsia e sua diferença para gastrite vamos voltar ao nosso tema inicial e descobrir como diagnosticar e tratar a gastrite.

Apesar do diagnóstico poder ser feito com base nos sintomas do paciente, o médico especialista em aparelho digestivo pode pedir um exame chamado endoscopia digestiva alta. 

Desse modo, visualizará as paredes internas do estômago e conseguirá analisar se a bactéria H. Pylori está presente ou não.

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Cuide mais da sua alimentação

Pessoas com gastrite podem ter uma melhora dos sintomas apenas fazendo uma readequação alimentar e mudança de hábitos. Deve-se dar preferência para alimentos mais leves e naturais, evitando aqueles que irritam o estômago.

Estudos têm demonstrado que uma alimentação equilibrada é capaz de auxiliar no tratamento. Então, confira alimentos que podem auxiliar quanto a isso:

  • Frutas e hortaliças ricas em antioxidantes;
  • Alimentos com vitaminas C e E;
  • Frutas com carotenóides.

Em relação aos hábitos, é recomendado respeitar os horários das refeições. Prefira comer mais vezes durante o dia, em porções menores e sempre mastigar muito bem os alimentos.

É importante evitar deitar-se logo após a refeição. Mais uma medida importante é suspender o tabagismo e as bebidas alcoólicas. Ou seja, o tratamento natural da gastrite é otimista e promissor.

COMO TRATAR A GASTRITE?

Quando o tratamento não é feito adequadamente, a gastrite pode resultar em complicações. Elas envolvem úlceras ou sangramento gástrico.

O médico poderá receitar medicamentos para equilibrar a acidez do estômago, por meio de:

  • Inibidores da bomba de prótons (IBP);
  • Bloqueador ácido competitivo de potássio (PCAB);
  • Protetor de mucosa com sucralfato e alginato de sódio.

Já no caso das pessoas com gastrite decorrente da infecção por H. pylori, é fundamental administrar antibióticos para curar a infecção. Alguns exemplos são amoxicilina e claritromicina.

Para aqueles que desenvolveram gastrite química por causa de medicamentos, será preciso fazer a adequação do tratamento em curso. A ideia é evitar prejuízos ao estômago. 

Desse modo, é necessário conversar com o médico responsável para que ele substitua o remédio ou indique outros que possam proteger a mucosa gástrica.

Muitas pessoas convivem com os sintomas e não procuram ajuda médica. Mas, como você viu, essa é uma inflamação do estômago que pode evoluir para complicações maiores.

A gastrite tem cura e o seu tratamento envolve medidas simples e conservadoras, à base da mudança de hábitos, adequações alimentares e medicamentos. 

Por isso, é fundamental consultar um médico especialista quando os sintomas são recorrentes e afetam a sua qualidade de vida.

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