A cirurgia de refluxo gastroesofágico é um procedimento que pode melhorar muito a sua qualidade de vida caso você esteja passando pelo problema.
Neste artigo, você vai saber o que é refluxo, quando a cirurgia é indicada, como ela é feita e mais algumas dicas gerais do período pós-operatório.
Continue a leitura e tenha todas as dúvidas sobre o assunto respondidas de forma rápida e segura.
Antes de falar sobre o procedimento cirúrgico, é importante entender o que é a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE).
Estima-se que 25% da população ocidental tenha ou já teve DRGE! É muito mais comum do que imaginamos. E isso ocorre quando os mecanismos anti-refluxo normais que possuímos falham em proteger contra o refluxo anormal de ácido gástrico que sobe para o esôfago. Esse ácido machuca a mucosa do esôfago, podendo causar erosões e complicações mais graves.
- O próprio esôfago consegue empurrar o ácido para baixo de volta para o estômago por meio de contrações da sua parede muscular;
- A saliva que engolimos tem Ph básico que ajuda a neutralizar o ácido que sobe para o esôfago;
- E principalmente, uma região muscular localizada na transição entre o esôfago e estômago chamada de esfíncter esofagiano inferior, que funciona como uma válvula que consegue abrir-se quando engolimos líquidos e alimentos e fechar-se para impedir que o ácido e o conteúdo do estômago retorne para o esôfago.
Os principais sintomas do refluxo são queimação, sensação da comida ou líquidos voltarem na garganta após a refeição, dor no peito, sensação de corpo estranho ou “bola na garganta”, pigarro seco, tosse seca, falta de ar, engasgos noturnos e alterações na voz.
Sim, o refluxo pode ser o responsável por tosse seca crônica. Muitos pacientes passam por diversos especialistas, como pneumologista e otorrinolaringologista em busca da causa da tosse, quando na verdade ela é causada pelo refluxo gastroesofágico! Clique no link abaixo para conhecer mais sobre tosse do refluxo.
Saiba mais: https://www.drfernandobray.com.br/blog/a-doenca-do-refluxo-gastroesofagico-refluxo-pode-causar-tosse
Pode causar halitose sim! Os restos de comida parcialmente digeridos são regurgitados até a garganta, geralmente no período noturno, e causam um processo de degradação e fermentação local com as bactérias da boa criando o mau hálito.
Na verdade, o indicado é ter uma dieta balanceada com restrição de consumo frequente de alguns alimentos específicos que podem ser o gatilho para o início dos sintomas do refluxo. Baixe o PDF da lista de restrição de alimentos para pacientes com refluxo agora mesmo: https://www.drfernandobray.com.br/dieta-para-refluxo-gastrite.
A ingestão de chás anti-inflamatórios como camomila e espinheira santa são sempre bem vindos nos casos de inflamações do esôfago e estômago.
O refluxo noturno pode causar erosão dentária, em alguns casos pode até mesmo corroer o esmalte dos dentes.
Dependendo da frequência e intensidade do refluxo, os soluços pode ocorrer em crises com duração de muitas horas.
Infelizmente, o refluxo crônico não tratado corretamente pode causar câncer de esôfago. Isso ocorre pelo quadro de corrosão crônica do esôfago pelo refluxo ácido pode evoluir para uma úlcera e até para um caso de Esôfago de Barrett. Esse problema pode aparecer quando a agressão à parede interna do esôfago é contínua por muitos anos.
O Esôfago de Barrett é uma metaplasia intestinal no esôfago, ou seja, um tecido que sofreu tanto que precisou apresentar uma mutação de suas células para tornar-se mais resistente a agressão ácida constante, no entanto, essa mutação acaba sendo contínua, o que pode gerar um erro na replicação das células e o desenvolvimento do câncer de esôfago chamado de adenocarcinoma, que é muito agressivo.
O diagnóstico do refluxo é realizado por meio da anamnese na consulta com especialista e é confirmado através de exames específicos, os principais são:
-Endoscopia Digestiva Alta (identifica sinais de esofagite, úlceras, estenoses esofágicas e esôfago de Barrett);
-Ph metria esofágica 24h (descreve a intensidade e frequência do refluxo durante 1dia);
-Impedâncio-phmetria – refluxo não ácido (conteúdo de refluxo biliar).
-Nasolaringoscopia (mostra áreas queimadas pelo refluxo na garganta e nas cordas vocais).
Com certeza!
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Os principais objetivos do tratamento da doença do refluxo gastroesofágico são:
-Aliviar os sintomas dos pacientes que impactam na qualidade de vida;
-Cicatrizar as células e tecidos corroídos pelo refluxo;
-Prevenir complicações mais graves como câncer de esôfago, Esôfago de Barrett, úlceras no esôfago e estreitamento da passagem do alimento (estenose de esôfago).
A cirurgia de refluxo, entretanto, pode ser uma boa alternativa de cuidado e tratamento de longo prazo. Confira a seguir mais detalhes sobre a recomendação desse tipo de tratamento.
Na maioria das vezes, a recomendação de cirurgia de refluxo obedece 4 principais critérios:
· Ausência de respostas ao tratamento com medicamentos e ajustes na alimentação, ou quando o resultado foi insuficiente para resolver o problema;
· Dependência de medicamentos de uso contínuo, principalmente, os inibidores da bomba de prótons, como por exemplo: omeprazol, esomeprazol, pantoprazol, rabeprazol, lansprazol e dexlansoprazol;
· Complicações relacionadas ao refluxo: úlceras pépticas esofágicas, estenose péptica de esôfago, esofagite grave persistente, Esôfago de Barrett, pneumonias aspirativas causas pelo refluxo;
· Grandes hérnias de hiato (migração do abdome para o tórax de parte do estômago e do esfíncter esofagiano inferior).
Em primeiro lugar, entenda que os remédios ajudam a controlar a produção do suco gástrico e melhoram a capacidade de atividade saudável do estômago.
Quanto à alimentação, a indicação inicial geral é fazer refeições menores mais vezes ao dia, além disso, não é bom se deitar imediatamente depois de comer.
Observação: durante a consulta, vou considerar o tempo que você sofre com refluxo, sua disponibilidade em resolver a questão e também a frequência e a intensidade dos sintomas.
Quando indicada, a cirurgia de refluxo é realizada por laparoscopia ou robótica, de forma menos invasiva possível, a anestesia utilizada é a geral, assim como em todas as cirurgias nas quais é necessário insuflar o abdome com gás (carbônico).
Por ser uma cirurgia minimamente invasiva, torna o tempo de recuperação e o pós-operatório mais tranquilo e confortável para o paciente, que apresenta retorno para suas atividades de forma precoce.
Basicamente, são feitos pequenos cortes na região mais alta do abdômen, por onde passam uma câmera e os instrumentos cirúrgicos.
O princípio da cirurgia de refluxo é a criação de válvula anti-refluxo ao redor do esôfago, utilizando o a parede do estômago. É importante salientar que não é “cortado” o esôfago ou estômago, podemos dizer que a confecção da válvula anti-refluxo é como se fosse uma “plástica” na região do esfíncter esofagiano inferior para aumentar a pressão no local e controlar melhor o refluxo gastroesofágico. Além disso, é realizada a reconstituição da anatomia que apresenta distorção pela hérnia de hiato, quando presente.
Existem várias técnicas descritas na literatura e realizadas, no entanto, a que mais realizo é a fundoplicatura a Nissen com hiatoplastia minimamente invasiva.
IMPORTANTE: a cirurgia de refluxo não representa a cura para a doença do refluxo gastroesofágico, mas sim a criação de um mecanismo cirúrgico que se soma no melhor controle do refluxo, melhora da qualidade de vida e prevenção ou tratamento de complicações do refluxo crônico não tratado adequadamente.
A recuperação da cirurgia de refluxo é rápida e o risco de infecção ou outras complicações é baixo.
Mesmo que a alta hospitalar ocorra em até um dia, é importante manter o repouso por até duas semanas. Esse tempo de descanso e as recomendações alimentares ajudam o corpo a se recuperar completamente.
É ideal que você não dirija e nem tenha contato íntimo por pelo menos uma a duas semanas. Além disso, é bom que não faça atividade física ou levante pesos por pelo menos um mês.
Nesse tempo, faça pequenas caminhadas ao longo do dia e evite ficar muito tempo na mesma posição.
Anti-inflamatórios ou analgésicos podem ser receitados para ajudar a reduzir os incômodos nos furinhos da cirurgia de refluxo.
Por 3 semanas, você deverá seguir com o retorno gradual até a alimentação normal da seguinte forma:
-Primeira semana dieta líquida.
-Segunda semana dieta pastosa.
-Terceira semana dieta semi-sólida.
-Quarta semana introdução aos poucos de alimentação habitual.
E lembre sempre: evite bebidas com gás porque podem aumentar o desconforto abdominal.
Soluço e gases são normais nessa fase, mas, ao sentir febre, dor abdominal, vômitos, náuseas, sangue ou pus nas feridas, inchaço e/ou falta de ar frequente depois da cirurgia, procure seu médico com brevidade, porque podem representar sintomas de alarme.
Vale lembrar, contudo, que o que você lê aqui são indicações gerais e não dispensam a consulta médica. Na consulta, eu avalio sua condição de saúde como um todo.
Agora você sabe tudo sobre a cirurgia de refluxo gastroesofágico. Espero que esse conteúdo tenha sido útil para você, compartilhe pelas redes sociais e ajude a informação de qualidade a chegar em mais pessoas.