Apendicite aguda é uma das doenças mais comuns da humanidade e a mais frequente indicação de tratamento cirúrgico de urgência. É causada pela inflamação do apêndice cecal, que pode evoluir com necrose e perfuração, desencadeando infecção grave e sepse abdominal se não operada adequadamente.
Antes de mais informações sobre o tratamento da apendicite aguda, vou falar mais sobre o órgão apêndice e qual é a sua função.
O apêndice cecal é um órgão anexado ao intestino grosso, que se localiza na parte inferior do lado direito do abdome, mais especificamente no ceco, figura 1.
Apesar de estar em íntimo contato com o cólon, o fluxo de fezes não passa por ele, além disso não tem função digestiva e nem de absorção de qualquer nutriente. Além disso, é considerado há muito tempo um vestígio da evolução humana, tendo sua verdadeira função perdida com o tempo. Então, para que serve o apêndice?
Figura 1: Localização do apêndice cecal.
A função do apêndice não é muito descrita e divulgada, mas nós sabemos que ele possui em sua parede grandes depósitos de células do sistema imunológico. Assim, possui mais especificamente linfócitos e glóbulos brancos que reconhecem microrganismos estranhos e nos protegem deles.
Sendo assim, existe uma concentração de células da defesa imune nos 360 graus de seu lúmen. Portanto, acredita-se que o apêndice cecal possua uma função no sistema imune.
Além disso, o apêndice é considerado um verdadeiro depósito de bactérias úteis, presentes em nosso microbioma intestinal. E quando essa “reserva” de bactérias seria útil? Vamos imaginar 3 situações comuns em nossa vida:
Em todas essas situações é possível que bactérias típicas de nosso microbiota intestinal sejam “expulsas”. Então, o intestino fica livre para a formação de novas colônias de bactérias, criando uma janela de oportunidade para bactérias patogênicas, que nos causam doenças e podem proliferar livremente sem o controle rigoroso da nossa “flora intestinal original”.
Por fim, estudos apontam que o apêndice cecal confere um apoio na recomposição do microbiota intestinal nativo, principalmente, do intestino grosso.
Em adultos, na maioria das vezes, a apendicite aguda, que é a inflamação do apêndice cecal, é causada por um entupimento da parte interna por um fragmento endurecido de fezes, chamado de fecalito. Assim, essa obstrução da luz do órgão é o início de um processo de inflamação das paredes do apêndice, que evoluiu em algumas horas de infecção localizada para uma sepse.
Caso o paciente não seja operado para retirada do apêndice inflamado e infeccionado, o apêndice cecal pode perfurar e causar uma grave infecção abdominal. Inicialmente gera a peritonite purulenta e posteriormente fecal. Alé disso, atraso no diagnóstico e tratamento pode ocasionar o óbito do paciente em casos de sepse grave.
Os sinais e sintomas de apendicite podem incluir:
O local da sua dor pode variar, dependendo da sua idade e da posição do seu apêndice. Por exemplo, em caso de gravidez, a dor pode parecer vir do abdome superior porque o apêndice pode ser empurrado para cima.
Há algumas décadas, o diagnóstico era confirmado somente quando se abria o abdome do paciente e identificava-se o apêndice inflamado. No entanto, isso mudou, e mudo muito!
Atualmente, os exames de imagens de ultrassonografia, tomografia e ressonância do abdome têm uma precisão muito satisfatória, e conseguem descrever com detalhes o processo inflamatório do apêndice. Desse modo, é possível estimar o que será encontrado durante o procedimento cirúrgico.
Existem outras doenças que podem confundir o diagnóstico de apendicite, por exemplo: Doença de Crohn, câncer de intestino, diverticulite e infecção de ovário ou trompas.
Como foi mencionado anteriormente, o tratamento da apendicite aguda é cirúrgico. Existem estudos que defendem o tratamento conservador por meio de antibióticos e drenagem do pus por meio de punção guiada por tomografia. No entanto, é consensual na literatura que a cirurgia para retirada do apêndice é o tratamento padrão ouro.
Atualmente, é possível realizar uma cirurgia minimamente invasiva por meio de pequenos orifícios, com menos agressão ao organismo. Então, as técnicas minimamente invasivas são realizadas por meio da cirurgia laparoscópica (figura 2) e em alguns casos cirurgia robótica. E isso apresenta vantagens ao paciente, como:
Figura 2: Locais onde são realizados os furos para passagem das pinças laparoscópicas.
Espero que a leitura desse texto tenha sido útil para você! Caso necessidade de avaliação de um médico especialista certifique-se que o profissional que escolheu tenha cadastro no conselho regional de medicina na especialidade.